sábado, janeiro 22, 2005

Vapores

Pediste-me um vapor de alegria, dizendo que do teu lado não havia névoa ou fumo de alegria onde te pudesses perder, naquela bruma onde todos se guiam às cegas, ainda que saibam bem para onde vão...
Tentei e podia tentar escrever mil textos que nada diriam senão o mesmo que todos dizem, as mesmas necessidades e os mesmos desejos, os sonhos que se podem formular enquanto se dorme, os sonhos que se dão com os passos do dia-a-dia quando vamos sozinhos na rua e pensamos em alguém, as tristezas que podem estar sempre inerentes ao facto de descobrir o amor e o ódio, a força de uma paixão que pode de forma rápida inverter, tornar os sonhos em pesadelos, os sorrisos em semblantes de loucura, da sensação de perda que é irreparável...do que fica e do que se vai, de lidar com o que há e saber dar valor a tudo isso, dos momentos que passam e gostam de voltar à nossa cabeça quando menos necessitamos deles, dos olhares perdidos um no outro que sabem falar sozinhos quando a boca, essa não pode falar porque não há nada a dizer...
Podia falar-te de como consegue ser triste mas isso tu já sabes, aliás todos sabemos como é estar lá em baixo e não ter vontade nenhuma de fazer seja o que for, acreditar e pensar que um dia vem alguma coisa, há-de vir mais do que tristeza e memórias que nos matam, que nos sufocam como os abraços e os beijos sufocavam de prazer, podia dizer que não há nada como dois corpos um contra o outro, não há nada como adormecer nos braços de alguém de quem se gosta, de fechar os olhos e esquecer todo o mundo à volta, não há nada...pode não haver nada, mas por certo algum dia, os tesouros descobrem-se, sem mapas a indicar o caminho e sem vontade de enriquecer só por proveito próprio...mas para guardar o tesouro que se tem.
Podia ter dito tanta coisa, feito os maiores castelos nas nuvens que alguma vez terias visto, daqueles que existem só em sonhos, com histórias perfeitas e finais felizes...mas não fiz isso, só me limitei a constatar o que tu fazes, o que em si é simples e eu tentei manter isso simples.
Simplifiquei...só na tentativa de te fazer sorrir.
Consegui?